A
criança não se preocupa com o futuro. Ela confia nos adultos que cuidam
dela e acredita que eles são capazes mantê-la segurança. A criança que
se sente segura agora não se preocupa com sua segurança amanhã. A
insegurança quanto ao futuro é experimentada agora, e quem experimenta a
insegurança agora se sente inseguro agora. Assim, quem se sente seguro
agora não teme o futuro; e quem não teme o futuro não precisa se
preocupar com ele. Por essa razão, a criança não é nem otimista nem
pessimista. Só é otimista ou pessimista quem se preocupa com o futuro, e
esse tipo de preocupação não diz respeito à criança. Só se torna
otimista quem aprende a se preocupar com o futuro; portanto, o otimista
teme o futuro tanto quanto o pessimista. Como começamos a nos preocupar
com o futuro? Começamos a nos preocupar com o futuro quando entendemos
que não há nada ou ninguém que possa garantir nossa segurança no
presente; e se nossa segurança no presente não está garantida, estamos
sujeitos a sofrer com imprevistos desagradáveis a qualquer momento... a
qualquer momento futuro. É para mitigar a ansiedade causada por essa
insegurança que passamos a buscar fórmulas mágicas que nos garantam, no
futuro, a segurança que não conseguimos mais encontrar no presente.
Essas fórmulas podem ser encontradas em diversos lugares: Na
superstição, na religião e... na crença do pensamento positivo.
Em nossa sociedade, há um culto em torno do pensamento positivo. As razões que o fundamentam até parecem sensatas. Seus defensores dizem que o desânimo não leva a lugar algum e que o pessimismo cria obstáculos invisíveis, mantendo-nos presos a eles. Dizem também que o otimismo ajuda a enxergar mais possibilidades de êxito e ainda nos dá motivação para tentar realizá-las positivamente. Tudo isso é muito verdadeiro. Mas, o esforço que as pessoas despendem para manter a atitude otimista e o pensamento positivo sempre operantes não se explica totalmente por essas razões. Há muito mais no otimismo das pessoas do que a simples necessidade de se manter a mente aberta para as possibilidades à nossa frente e a disposição em alta para enfrentá-las. É claro que há muito mais. É a simples existência do otimismo que nos denuncia esse fato. Pois, só há otimismo onde há medo do futuro, e o medo nada mais é que a crença na possibilidade de as coisas darem errado. Mas, o que é o otimismo senão a crença na possibilidade de as coisas darem certo? Não é isso, pelo menos, que o otimismo parece ser? Entretanto, quem realmente acredita que as coisas darão certo jamais se torna otimista. Quem de fato nutre essa crença vive como as crianças que nunca se preocupam com o futuro. Se o otimismo ainda persiste apesar de todo nosso esforço em acreditar que as coisas darão certo, então o medo ainda prevalece. Se o medo do futuro não prevalecesse, o otimismo não persistiria. Se o otimismo persiste, então, apesar de todo nosso esforço em acreditar na possibilidade de as coisas darem certo, a crença na possibilidade de elas darem errado ainda é maior. Nosso medo do futuro é maior que nossa confiança nele; é por isso que continuamos otimistas sempre!
A atitude otimista e o esforço em manter o pensamento positivo sempre operante são tão importantes para nós porque jamais aprendemos a enfrentar com maturidade a incerteza quanto ao futuro. Desde que perdemos aquela sensação natural de segurança da infância, direcionamos nossos esforços no intuito de encontrar alguma coisa capaz de nos devolver as certezas perdidas. Mas, as certezas que foram perdidas não podem ser reencontradas; elas nunca foram reais. O mundo real é o mundo da incerteza. Assim, enquanto as incertezas forem, para nós, sinônimo de insegurança, o medo prevalecerá sobre a confiança. Ao invés de sair buscando por certezas, deveríamos ter aprendido a amadurecer nossa relação com a incerteza; deveríamos ter aprendido a encontrar a segurança na incerteza. Não fizemos isso. A lembrança das certezas perdidas era doce demais, e quem já viveu na certeza não aceita a incerteza assim tão facilmente. O esforço de viver buscando no pensamento positivo a certeza de que tudo dará certo produziu em nós tal intolerância com a incerteza do futuro que o menor pensamento de dúvida ou desânimo se tornou capaz de produzir em nós uma ansiedade insuportável. A incerteza se tornou nossa grande fobia. E, para manter essa fobia sob controle, precisamos nos entorpecer com doses diárias cavalares de otimismo e pensamento positivo. É preciso se embebedar de otimismo, mergulhar de cabeça no tonel do pensamento positivo até que a crença num futuro seguro e convidativo se torne delirante. Somos viciados no otimismo; e ao nos deixarmos viciar pelo otimismo, nos tornamos prisioneiros do medo.
Em nossa sociedade, há um culto em torno do pensamento positivo. As razões que o fundamentam até parecem sensatas. Seus defensores dizem que o desânimo não leva a lugar algum e que o pessimismo cria obstáculos invisíveis, mantendo-nos presos a eles. Dizem também que o otimismo ajuda a enxergar mais possibilidades de êxito e ainda nos dá motivação para tentar realizá-las positivamente. Tudo isso é muito verdadeiro. Mas, o esforço que as pessoas despendem para manter a atitude otimista e o pensamento positivo sempre operantes não se explica totalmente por essas razões. Há muito mais no otimismo das pessoas do que a simples necessidade de se manter a mente aberta para as possibilidades à nossa frente e a disposição em alta para enfrentá-las. É claro que há muito mais. É a simples existência do otimismo que nos denuncia esse fato. Pois, só há otimismo onde há medo do futuro, e o medo nada mais é que a crença na possibilidade de as coisas darem errado. Mas, o que é o otimismo senão a crença na possibilidade de as coisas darem certo? Não é isso, pelo menos, que o otimismo parece ser? Entretanto, quem realmente acredita que as coisas darão certo jamais se torna otimista. Quem de fato nutre essa crença vive como as crianças que nunca se preocupam com o futuro. Se o otimismo ainda persiste apesar de todo nosso esforço em acreditar que as coisas darão certo, então o medo ainda prevalece. Se o medo do futuro não prevalecesse, o otimismo não persistiria. Se o otimismo persiste, então, apesar de todo nosso esforço em acreditar na possibilidade de as coisas darem certo, a crença na possibilidade de elas darem errado ainda é maior. Nosso medo do futuro é maior que nossa confiança nele; é por isso que continuamos otimistas sempre!
A atitude otimista e o esforço em manter o pensamento positivo sempre operante são tão importantes para nós porque jamais aprendemos a enfrentar com maturidade a incerteza quanto ao futuro. Desde que perdemos aquela sensação natural de segurança da infância, direcionamos nossos esforços no intuito de encontrar alguma coisa capaz de nos devolver as certezas perdidas. Mas, as certezas que foram perdidas não podem ser reencontradas; elas nunca foram reais. O mundo real é o mundo da incerteza. Assim, enquanto as incertezas forem, para nós, sinônimo de insegurança, o medo prevalecerá sobre a confiança. Ao invés de sair buscando por certezas, deveríamos ter aprendido a amadurecer nossa relação com a incerteza; deveríamos ter aprendido a encontrar a segurança na incerteza. Não fizemos isso. A lembrança das certezas perdidas era doce demais, e quem já viveu na certeza não aceita a incerteza assim tão facilmente. O esforço de viver buscando no pensamento positivo a certeza de que tudo dará certo produziu em nós tal intolerância com a incerteza do futuro que o menor pensamento de dúvida ou desânimo se tornou capaz de produzir em nós uma ansiedade insuportável. A incerteza se tornou nossa grande fobia. E, para manter essa fobia sob controle, precisamos nos entorpecer com doses diárias cavalares de otimismo e pensamento positivo. É preciso se embebedar de otimismo, mergulhar de cabeça no tonel do pensamento positivo até que a crença num futuro seguro e convidativo se torne delirante. Somos viciados no otimismo; e ao nos deixarmos viciar pelo otimismo, nos tornamos prisioneiros do medo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário